Paulo Ormindo de Azevedo
SSA: A Tarde de 04/01/2015
SSA: A Tarde de 04/01/2015
Final de mandato é época de muitos eventos e renovadas esperanças. Dois
eventos que participei merecem registro. O primeiro foi o seminário “O
novo perfil das comunidades carentes” promovido pelo Instituto Romulo
Almeida, IRAE, na FIEB no dia 9 do mês passado. Este foi o quarto evento
promovido pelo IRAE comemorativo do centenário de nascimento de Romulo.
A trajetória profissional e política de Rômulo é bem conhecida e
dispensa comentários. O instituto vem sendo mantido a duras penas pela
dedicação de familiares, como os irmãos Aristeu e Gabriel e o sobrinho
Flavio, e antigos colaboradores de Rômulo.
Estes foram marcos
importantes para a preservação da memória do grande economista, mas
muito pouco tem sido feito pelo poder público para dar continuidade a
sua obra como planejador, desde a criação da Comissão de Planejamento
Econômico, em 1955, até a concretização do CIA e do COPEC. Ao contrário
da União, que conta com o Fundação Getúlio Vargas, e estados como Minas
Gerais e Pernambuco que possuem as fundações João Pinheiro e Joaquim
Nabuco, a Bahia não possui nenhuma instituição capaz de formar quadros e
desenvolver uma teoria do seu desenvolvimento. Pernambuco e Ceará
souberam ainda atrair as sedes da CHESF, SUDENE, DENOCS e BNB que têm
formado quadros altamente qualificados. Por esta falha, talentos baianos
têm que migrar para o Sudeste e estados menores têm maior dinamismo que
a Bahia. O melhor resgate deste débito com a inteligência baiana seria o
novo governo transformar a FLAM na Fundação Romulo Almeida, uma escola
de governo e planejamento.
O segundo evento, não menos
importante, realizado no dia 29, deve ser creditado ao último governo.
Foi a doação pela Embasa à Secretaria de Desenvolvimento Social de um
naco de 11.000 m² do sítio do Queimado, sede da primeira empresa de agua
do país. No mesmo ato a secretaria fez a cessão da área por 20 anos à
orquestra Neojibá, sua subsidiária, para desenvolvimento de suas
atividades de inclusão social pela música. O projeto Neojibá é uma
realização de outro baiano notável, o maestro Ricardo Castro. Desde
2007, Ricardo, um festejado pianista de prestigio internacional, lutava
por um espaço para treinar suas 4.500 crianças e jovens do sistema de
orquestras juvenis do estado, que já excursionou com enorme sucesso pela
Europa e Estados Unidos.
Chegou quase a conseguir o auditório
de ICEIA, mas na última hora a prefeitura reprovou o projeto. Ricardo
não lamentou, porque um consultor japonês de acústica disse que para
transformar aquele auditório em uma sala de concerto seria necessário
refazer o prédio. No parque do Queimado Ricardo poderá construir do zero
uma sala de concerto segundo os melhores princípios acústicos. Mas como
conseguir recursos para fazer a sala, já que ele só tem verba de
custeio e a Lei Rouanet não financia obras novas? Este é o desafio de
Ricardo: conseguir um patrocínio para consolidar e expandir seu projeto.
A solenidade foi simples mas significativa e os discursos amenizados
pelos instrumentos e vozes afinadas de jovens de um bairro chamado
Estrada da Liberdade. A esperança é que o novo governo transforme este
codinome em realidade.
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